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Pítons birmanesas afetam ecossistema da Flórida ao comerem veados e crocodilos inteiros; entenda

2024-10-29 HaiPress

Pítons birmanesas provocam desequilíbrio no ecossistema da Flórida ao devorarem veados e crocodilos inteiros — Foto: Conservancy of Southwest Florida

O impacto das pítons birmanesas invasoras no ecossistema do sul da Flórida preocupa biólogos e especialistas em conservação,que têm observado uma dramática redução na fauna local. Recentemente,pesquisadores constataram que essas cobras são capazes de consumir grandes presas inteiras,como os veados-de-cauda-branca e até crocodilos,o que tem intensificado o desequilíbrio no Parque Nacional Everglades e em áreas adjacentes.

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Esses répteis,que podem consumir animais de até 100% de seu próprio peso corporal,representam uma ameaça crescente à diversidade da fauna na região,segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

A situação foi evidenciada em dezembro de 2022,quando uma equipe de pesquisadores liderada por Ian Bartoszek,biólogo e coordenador científico da Conservancy of Southwest Florida,encontrou uma píton birmanesa de 4,5 metros de comprimento devorando um veado-de-cauda-branca adulto.

Pesquisadores encontraram uma píton birmanesa de 4,5 metros de comprimento devorando um veado-de-cauda-branca adulto — Foto: Conservancy of Southwest Florida

De acordo com Bartoszek,a cobra havia ingerido metade do animal quando a equipe chegou ao local. Ao longo de 30 minutos,os biólogos observaram o réptil completar o processo de alimentação,engolindo o animal completamente.

A cobra,com 52 quilos,conseguira engolir um cervo que pesava cerca de 35 quilos — representando 93% da abertura máxima de sua boca,conforme detalhado em artigo publicado no periódico Reptiles & Amphibians. Bartoszek descreveu a cena como uma das mais impressionantes da sua carreira: “Foi o mais primitivo possível,algo que nunca imaginamos presenciar de forma tão direta em campo.”

O caso,no entanto,é o reflexo de uma presença invasora que causa,segundo o USGS,um “efeito cascata” de extinção de espécies nativas. O órgão estima que a população de guaxinins no Everglades caiu 99,3% desde 1997,e a de gambás diminuiu 98,9%,enquanto a de linces sofreu uma queda de 87,5%. Animais menores,como coelhos-do-pântano e raposas,praticamente desapareceram.

Moradores ficam ao lado de uma píton de quase 7 metros de comprimento,que foi morta após atacar um homem indonésio no subdistrito de Batang Gansal,na Ilha de Sumatra — Foto: Polícia de Batang Gansal/AFP

Além disso,necropsias realizadas em pítons birmanesas capturadas na região revelaram vestígios de uma variedade de espécies nativas,incluindo animais protegidos como a cegonha-de-madeira e o rato-de-floresta-de-Key Largo,o que intensifica a preocupação das autoridades locais a respeito da biodiversidade.

Para acompanhar a movimentação e os hábitos das pítons,a equipe de Bartoszek utiliza uma técnica de radiotelemetria e instala rastreadores em pítons machos. Esses dispositivos transmitem sinais de rádio que ajudam os pesquisadores a localizar fêmeas reprodutivas,cruciais para a proliferação da espécie.

"Essa é uma das nossas poucas estratégias para localizar e conter a população reprodutiva de pítons na região",explicou o biólogo à ABC News.

Pesquisadores encontraram uma píton birmanesa de 4,5 metros de comprimento devorando um veado-de-cauda-branca adulto — Foto: Conservancy of Southwest Florida

A Flórida também implementou o programa Python Patrol,administrado pela Comissão de Pesca e Vida Selvagem (FWC),no qual caçadores de recompensas são pagos para capturar pítons,na tentativa de reduzir a população invasora. Em 2021,a espécie foi formalmente adicionada à lista de Espécies Não Nativas Proibidas da Flórida.

Além de sua capacidade de adaptação e reprodução,a forma de caça das pítons também as torna particularmente eficientes e ameaçadoras para as espécies locais. Como grandes constritoras não venenosas,as pítons emboscam suas presas,e se enrolam no corpo das presas até que o animal sofra parada cardíaca,facilitando o processo de deglutição.

“Quando você vê a anatomia deles em primeira mão,é impressionante como a Mãe Natureza os equipou para o sucesso predatório”,diz Bartoszek.

Religiosos usam serpentes em procissão tradicional,na Itália; veja fotos

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Religiosos usam serpentes em procissão tradicional,na Itália; veja fotos — Foto: TIZIANA FABI/AFP

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Religiosos usam serpentes em procissão tradicional,na Itália; veja fotos — Foto: TIZIANA FABI/AFP

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No caso presenciado pela equipe,a píton atingiu o cervo na altura do pescoço antes de envolvê-lo para finalizar a captura. Embora a cobra conseguisse sobreviver por uma semana com aquela refeição,ela provavelmente voltaria a caçar rapidamente,pois a espécia é caçadora oportunista. Segundo Bartoszek,as pitons são capazes de esperar semanas ou até meses entre uma refeição e outra,mas,em um ambiente com presas abundantes,como o Everglades,elas tendem a capturar novas presas com frequência.

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