Angola na 'lista cinzenta' do Gafi vai atrasar fluxos financeiros
2024-10-27 HaiPress
"A inclusão de Angola na lista cinzenta do Grupo de Ação Financeira (Gafi) é preocupante,mas o sistema financeiro já operava sob esses constrangimentos devido à perda de correspondência bancária",disse o representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Angola.
Em declarações à Lusa à margem dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial,que terminam hoje em Washington,Victor Duarte Lledo explicou que a colocação de Angola na lista de monitorização reforçada do Gafi,conhecida como lista cinzenta,tem vários impactos,que crescem à medida que o país fica mais tempo nesta situação.
"Os vários estudos empíricos que fizemos em vários países que passaram por isso mostram que o efeito de curto prazo é poder tornar as transações transfronteiriças um pouco mais demoradas devido à 'due dilligence',podendo haver uma redução do fluxo de capitais",disse Victor Lledo,acrescentando que "o impacto principal vem a longo prazo,e tende a ficar mais forte quanto mais tempo o país ficar na lista cinzenta".
Na reação à decisão do Gafi,Victor Duarte Lledo salientou que "os bancos têm feito um progresso muito grande para reconquistar a correspondência bancária" e acrescentou que com "o empenho ao mais alto nível,coordenação e capacitação,o Fundo apoiou e continua disponível para ajudar Angola a sair da lista cinzenta o mais rápido possível".
O Gafi,uma organização que luta contra o branqueamento de capitais,anunciou na sexta-feira ter incluído Angola na "lista cinzenta",como é conhecida a relação de países que ficam com monitorização reforçada pela entidade.
O anúncio foi feito pela presidente do Gafi,Elisa de Anda Madrazo,no final de uma reunião plenária em que sublinhou que "o processo de inclusão na lista [cinzenta] não é uma medida punitiva".
Reagindo à decisão,o Ministério das Finanças angolano afirmou que "após a discussão do Relatório de Progresso pós-período de Observação,o órgão de especialidade do Gafi para África concluiu que,das 87 ações recomendadas,Angola conseguiu resolver um total de 70 deficiências,permanecendo 17 por resolver".
No comunicado,o governo angolano reiterou o "compromisso de alto nível" para reforçar a eficácia da prevenção e combate ao branqueamento de capitais,financiamento de terrorismo e proliferação de armas de destruição maciça e garantiu que "envidará os esforços necessários para o cumprimento atempado e efetivo do plano de ação recomendado".