Violência no trânsito: dados mostram crescimento de mortos e feridos em acidentes no Estado do Rio
2024-09-19 HaiPress
Atropelamentos frequentes e desrespeito às leis de trânsito marcam o cotidiano da Rua Dias da Cruz,no Méier,na Zona Norte do Rio — Foto: Lazuli Reis
RESUMO
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Aumento de Acidentes de Trânsito Preocupa no Rio de Janeiro
O Estado do Rio de Janeiro registrou aumento de mortos e feridos em acidentes de trânsito em 2024. A violência no trânsito na Zona Norte preocupa,com relatos de imprudência e falta de fiscalização. Vítimas como Flávia enfrentam sequelas e custos médicos após acidentes,destacando a impotência diante da violência nas ruas.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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O número de mortos e feridos no trânsito aumentou no Estado do Rio de Janeiro este ano,na comparação com o ano passado. Segundo números do Instituto de Segurança Pública (ISP),foram 1.277 homicídios culposos entre janeiro e julho deste ano,um aumento de 11,2% em relação ao mesmo período de 2023. As lesões corporais culposas também cresceram significativamente,com 15.644 ocorrências registradas nos primeiros sete meses deste ano — um aumento de 21,2% em comparação com o ano passado.
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Quem passa pela principal rua do Méier,a Dias da Cruz,vê os comportamentos de risco que contribuem para a alta dos acidentes. Trânsito intenso,motos na contramão e pedestres atravessando fora da faixa são comuns. Na manhã desta quarta-feira,O GLOBO flagrou um cenário preocupante: segundo testemunhas,dois idosos foram atropelados,um homem e uma mulher.
Um dos atropelamentos aconteceu próximo à Rua Ana Barbosa,onde uma senhora foi atingida por um carro enquanto tentava atravessar. Segundo Ivonete Ferreira,de 72 anos,cuidadora de idosos e moradora do bairro,acidentes assim são frequentes.
— Hoje mesmo aconteceu um acidente aqui,uma moto e um carro. A senhora foi atropelada e levada para o Hospital Salgado Filho — relatou Ivonete,destacando outro ponto crítico no trânsito local: o sinal da Rua Vinte e Quatro de Maio,perto da estação.
Com a proximidade do Dia Mundial sem Carro,que será celebrado no próximo domingo,dia 22,o debate sobre a mobilidade urbana e a segurança no trânsito ganha ainda mais relevância. O bairro do Méier está entre as áreas que registraram os maiores aumentos no número de mortes no trânsito. Outros bairros da zona Norte e Oeste,como Bangu e Campo Grande,também apresentaram um aumento expressivo no número de vítimas.
Atropelamentos frequentes e desrespeito às leis de trânsito marcam o cotidiano da Rua Dias da Cruz,na Zona Norte do Rio — Foto: Lazuli Reis
O fluxo constante de veículos e o desrespeito às regras de trânsito tornam a Rua Dias da Cruz um local perigoso. Antônia Luzia,de 70 anos,que trabalha como empregada doméstica no bairro,disse que os acidentes são quase diários.
— Vejo muito acidente aqui,quase toda hora no Méier. E não é só isso,também tem muito roubo — afirmou ela.
Ana Lúcia Magalhães,vendedora de 65 anos,confirmou a frequente ocorrência de acidentes envolvendo idosos na região:
— Esse cruzamento na Rua Ana Barbosa é muito perigoso,principalmente para os mais velhos.
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Ela também mencionou que o carro que atropelou um dos idosos nesta quarta-feira estava circulando pela Rua Magalhães Couto,reforçando a sensação de insegurança para pedestres.
Para uma vendedora ambulante,que preferiu não se identificar,a culpa dos atropelamentos também recai sobre os próprios pedestres.
— Acontece quase todo dia. O povo tenta atravessar fora do lugar certo — comentou.
Atropelamentos frequentes e desrespeito às leis de trânsito marcam o cotidiano da Rua Dias da Cruz,na Zona Norte do Rio — Foto: Lazuli Reis
O GLOBO verificou que muitas pessoas cruzam correndo a Rua Dias da Cruz,ao lado da estátua do Leão do Méier,em vez de utilizar a faixa de pedestres da Rua Ana Barbosa. Elas se arriscam em meio ao trânsito pesado no intuito de atravessar mais rápido. Além da imprudência dos pedestres,a má sinalização e a ausência de agentes de trânsito são apontados como fatores agravantes.
— A rua é estreita,e os carros muitas vezes emparelham com os ônibus. Tem uma curva ali que joga os veículos pra cima das motos — explicou Ana Lúcia.
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Sem fiscalização adequada,as motos avançam na contramão e muitos motoristas ignoram os sinais de trânsito,tornando a travessia para pedestres ainda mais perigosa. A ausência de guardas de trânsito para controlar o fluxo na região também é um problema recorrente.
— Se tivesse mais fiscalização,talvez diminuísse um pouco essa confusão — comentou Ivonete,que mora no bairro há mais de 30 anos e presenciou inúmeras colisões.
Violência no trânsito na Zona Norte
O cenário de violência no trânsito no Méier lembra o caso de Flávia Fernandes,atropelada há dois meses na Rua Conde de Bonfim,na Tijuca,Zona Norte do Rio. A jovem de 23 anos foi atingida por um carro em alta velocidade enquanto atravessava na faixa com o sinal fechado. Ela relembra os momentos de terror e a frustração com a falta de respostas.
— Eu estava atravessando na faixa com o sinal fechado quando o carro avançou em alta velocidade. Fui arrastada no capô,ele me jogou e fugiu sem que ninguém conseguisse anotar a placa — relatou.
O acidente mudou sua vida e afetou seus planos,inclusive um intercâmbio marcado para agosto,que precisou ser remarcado. Além dos danos físicos,Flávia quebrou o tornozelo direito e ainda sofre com dores no joelho esquerdo e um hematoma persistente na cabeça,ela também enfrenta dificuldades emocionais.
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Desde o acidente,Flávia e sua família têm arcado com todas as despesas médicas,como fisioterapia e sessões de natação para sua reabilitação.
— Estou quase terminando as 20 sessões de fisioterapia,já fiz 15,tudo custeado pela minha família. Até fiz uma rifa para conseguir dinheiro e pagar tudo de forma particular — explicou. — Fui arrastada no capô,ele me jogou e fugiu sem que ninguém conseguisse anotar a placa. Até agora,não conseguiram identificar o motorista.
Assim como no caso de Flávia,muitos acidentes no Méier resultam em uma sensação de impotência para as vítimas e seus familiares,que muitas vezes arcam com as despesas médicas e ficam sem respostas ou soluções para a violência que enfrentaram.