Crise hídrica: falta de chuvas pode afetar abastecimento de água de mais de 11 milhões de pessoas no estado
2024-09-17 HaiPress
Obras de desassoreamento para reduzir efeitos da estiagem — Foto: Luis Alvarenga/ Cedae
RESUMO
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Crise hídrica no Rio de Janeiro: Medidas e Racionamento
Crise hídrica no Rio de Janeiro afeta mais de 11 milhões de pessoas. Redução na produção de água,alerta em sistemas de abastecimento e medidas emergenciais adotadas. Recomendação de racionamento e uso consciente. Ações para conter a crise e garantir o abastecimento. Medidas preventivas diante do cenário preocupante.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Os mais importantes sistemas de abastecimento de água no Estado do Rio estão em estágio de alerta por conta da estiagem. A falta de chuvas pode afetar o fornecimento para mais de 11 milhões de pessoas em dezenas de cidades fluminenses. Ontem,o governador Cláudio Castro anunciou medidas para conter a crise hídrica que,segundo ele,“é do Brasil todo,não só do Rio”. A Cedae recomendou à população que economize água.
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Na Região Metropolitana,o Sistema Imunana-Laranjal reduziu em 10% sua produção. O nível de seu reservatório está 13% mais baixo,o pior em 22 anos,de acordo com o RJ2,da TV Globo. A área atendida pelo sistema abrange os municípios de São Gonçalo,Itaboraí,Rio (apenas Paquetá),Niterói e Maricá (parte) e abastece cerca de dois milhões de pessoas. Além do Imunana,estão em estado de alerta os sistemas de abastecimento de Mangaratiba,Macaé e Acari (parte da Baixada Fluminense).
Captação cai 50%
As represas do Sistema Acari enfrentam a pior estiagem em seis anos. A captação está reduzida à metade. Mas parte da deficiência está sendo suprida por manobras no Sistema Guandu,com o qual tem conexão. Já o reservatório do Guandu,que leva água para nove milhões de moradores da capital e de cidades da Baixada,está com 67,23% da sua capacidade. O dado é do Sistema de Informações Geográficas e Geoambientais (Siga),do Comitê Guandu. Em abril,chegou a 97,4%. O menor nível,17%,foi registrado na crise hídrica de 2015. A produção da estação de tratamento hoje,no entanto,está normal.
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Por determinação de Castro,serão disponibilizados carros-pipa para algumas localidades afetadas,com prioridade para creches,escolas e hospitais. O governador anunciou ainda um monitoramento da comercialização de água para evitar aumentos abusivos de preço. Além disso,estão em andamento obras emergenciais de desassoreamento do Canal de Imunana para aumentar a vazão.
— Os planos são para que a gente possa manter o máximo possível a normalidade do abastecimento de água para a população — disse Castro,que prevê controte da crise hídrica e das queimadas em até um mês. — Na primeira quinzena de outubro,imagino que vá começar a melhorar. Na segunda quinzena,creio que a gente já esteja com uma normalidade efetivada.
Em razão da seca,Aguinaldo Ballon,presidente da Cedae,recomenda que se faça racionamento de água e diz que cidades abastecidas pelo sistema Imunana-Laranjal já operam com restrição.
— Precisamos reduzir 10% da captação. Duas concessionárias,de Rio e Niterói,estão sofrendo restrição na quantidade de água fornecida. Mas cada uma tem seu plano de distribuição para fazer essa cotização com menos 10%. Além disso,temos pedido à população que dose o consumo e use água para o que for essencial,como cozinhar e tomar banho. É recomendado evitar outras atividades,como lavar carro,por exemplo — disse Ballon.
No Norte Fluminense,com a estiagem,moradores enfrentaram no mês passado,além de racionamento,a proliferação de algas cianofíceas no Rio Paraíba do Sul. Um dos efeitos causados pela desintegração dos micro-organismos é uma água com gosto e odor desagradáveis. Foi iniciado,então,o uso do carvão ativado no tratamento para melhorar a qualidade da água,o que continua sendo feito em função do atual cenário de altas temperaturas e baixa vazão dos rios.
Com o Rio Paraíba do Sul afetado pela estiagem,o Reservatório do Funil,em Resende,está com 27,84% da sua capacidade,o que traz riscos à geração de energia elétrica,segundo o Siga Guandu. “Para especialistas,a situação só não é pior porque o Rio teve um recorde histórico de chuvas no início deste ano. Em janeiro,foram 348,9mm de precipitação. Sem previsão de chuvas significativas para os próximos 15 dias,de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet),a situação tende a se agravar”,informou o comitê.
Por conta do quadro ameaçador,Ministério Público Federal (MPF) enviou ontem recomendações à Secretaria estadual do Ambiente e Sustentabilidade e ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para analisar minuciosamente as decisões sobre “o licenciamento ou a realização de obras relacionadas à transposição ou alteração da vazão do Rio Paraíba do Sul”. “O MPF acompanha o risco de um possível colapso dos recursos hídricos e o iminente desabastecimento dos municípios do estado”,diz o comunicado.
Reserva de água
Na Região Serrana,moradores dos municípios de Nova Friburgo,Petrópolis e Teresópolis também já foram orientados a economizar água. A empresária Neuceli Loyola,de 58 anos,disse que deixou todos os reservatórios da casa — piscina,um pequeno laguinho,cisterna e duas caixas d’água — abastecidos desde a épocas das chuvas para enfrentar esse período:
— Esta semana ouvi de um guarda florestal que quatro nascentes e uma cachoeira daqui já secaram por causa da estiagem na Caledônia.
Na Costa Verde,a prefeitura de Angra dos Reis proibiu até a lavagem de carros e calçadas. Outra cidade da região,Mangaratiba,também está sendo afetada.
Colaborou André Zajdenwerber