Como Marçal ofuscou buscas no Google que ligavam candidato ao PCC
2024-09-04 HaiPress
Pablo Marçal no debate da Band — Foto: Edilson Dantas/O Globo
O alarde criado em torno de um suposto atentado contra o candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo,Pablo Marçal,na última sexta-feira (30) teve o efeito de reverter um pico de buscas que ligavam ex-coach à facção Primeiro Comando da Capital (PCC),segundo um levantamento da equipe da coluna com base na ferramenta Google Trends.
Nas redes sociais: Pablo Marçal de 2024 já supera fenômeno de Jair Bolsonaro em 2018São Paulo: Depois de racha com Bolsonaro,Joice Hasselmann decide apoiar Marçal e abandona Nunes
Os dados da plataforma indicam que o interesse dos usuários em buscas associando Marçal à organização criminosa ganhou tração ao longo daquele dia,após a campanha do prefeito e candidato à reeleição,Ricardo Nunes (MDB),veicular nas emissoras de rádio inserções que convocavam os ouvintes a pesquisar os termos “Pablo Marçal” e “PCC”.
A tendência de buscas vinha subindo desde a manhã de segunda. Às 15h18m,a equipe de Marçal acionou a Polícia Militar e relatou a presença de um “homem armado” que teria ameaçado o candidato durante um ato na Zona Leste da cidade e fugido em um carro após ser abordado pelos seguranças de Marçal,que chegou a vestir um colete à prova de balas às pressas.
Bastidores: A tática de Alexandre de Moraes para evitar a reação dos ministros indicados por BolsonaroFilme repetido: Decisão de Alexandre de Moraes que suspendeu X segue roteiro de bloqueio do Telegram há 2 anos
Depois que o episódio veio à tona,a curva de interesse por Marçal e PCC caiu,e a pesquisa sobre Marçal e o atentado subiu.
Gráfico do Google Trends compara interesse de buscas por "Pablo Marçal PCC" (em azul) e "Pablo Marçal atentado" (em vermelho) e indica pico de pesquisas nos dias 30 e 31 de agosto — Foto: Reprodução
No entanto,como revelou o portal Metrópoles nesta terça-feira (3),o candidato não mencionou qualquer armamento no boletim de ocorrência registrado por ele no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa da Polícia Civil.
Os famosos que estão concorrendo nas eleições 2024
1 de 15
Os famosos que estão concorrendo nas eleições 2024 — Foto: Reprodução
2 de 15
O ator e ex-participante do 'BBB 20' Babu Santana é candidato a vereador no Rio de Janeiro,pelo PSOL — Foto: Reprodução
Pular
X de 15
Publicidade 15 fotos
3 de 15
O apresentador de TV Dudu Camargo é candidato a vereador por São Paulo — Foto: Reprodução
4 de 15
Aos 71 anos,o ator Mario Gomes e candidato a vereador no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução
Pular
X de 15
Publicidade
5 de 15
Famoso pelo papel em "Senhora do destino",o ator Agles Steib é candidato a vereador no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução
6 de 15
Adrilles Jorge,ex-"BBB" e comentarista política na Jovem Pan,é candidato a vereador em São Paulo — Foto: Reprodução
Pular
X de 15
Publicidade
7 de 15
Conhecido pelo pelo personagem Cabeção de "Malhação",Sergio Hondjakoff é candidato a vereador pelo partido Cidadania,do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução
8 de 15
A atriz e apresentadora de TV Cristina Prochaskaé candidata a prefeitura de Ubatuba,em São Paulo — Foto: Reprodução
Pular
X de 15
Publicidade
9 de 15
O ator Licurgo Spinola,que fez novelas na Globo e na Record,é candidato a vereador em Curitiba,no Paraná — Foto: Reprodução
10 de 15
Thammy Miranda,filho de Gretchen,é candidato a vereador em São Paulo — Foto: Reprodução
Pular
X de 15
Publicidade
11 de 15
Ex-Chiquitita,Renata Del Bianco é candidata a vereadora em São Paulo — Foto: Reprodução
12 de 15
O humorista Marquito é candidato a vereador em São Paulo — Foto: Reprodução
Pular
X de 15
Publicidade
13 de 15
Ex-ator do 'Teste de fidelidade',Marcos Oliver é candidato a vereador em São Paulo — Foto: Reprodução
14 de 15
Jornalista,youtuber e participante de "A fazenda",Léo Áquilla é candidata é vereadora em São Paulo — Foto: Reprodução
Pular
X de 15
Publicidade
15 de 15
Ativista pela causa animal,Luisa Mell é candidata a vereadora em São Paulo — Foto: Reprodução
.
A inversão na tendência de buscas se deu tanto a nível nacional quanto em São Paulo,ainda segundo o Google Trends. A busca estimulada por Nunes levava a diversas reportagens e artigos que esmiuçam as conexões ainda não esclarecidas entre o candidato e alguns de seus correligionários do PRTB e a facção criminosa.
Desinformação: Após suspensão do X,STF pede remoção de perfis falsos na plataforma BlueskyLeia também: Governo Lula acionou STF para barrar serviço da Starlink em terra indígena
A única imagem disponível sobre o episódio é um vídeo gravado por um integrante da equipe de Marçal que mostra a candidata a vereadora Carolina Iara (PSOL) sendo perseguida por um segurança do ex-coach que se identifica como “polícia”. Ela entra em um Ford Ka cinza,que deixa o local às pressas pela contramão. Nenhuma arma é vista na gravação.
Mais tarde,Iara publicou um vídeo nas redes sociais relatando ter se aproximado de Pablo Marçal em um “ato pacífico” para entregar um boneco de isopor no formato de Pinóquio,personagem ficcional associado a mentiras,mas que deixou o local diante da “truculência” dos apoiadores.
“Estão tentando ligar esse vídeo a um suposto atentado. Olha só que absurdo. Não acreditem nessa mentira. Eu passei o dia fazendo campanha eleitoral”,disse a candidata do PSOL,mesmo partido de Guilherme Boulos,rival de Pablo Marçal e líder nas principais pesquisas de intenção de voto para prefeito.
Caso Marielle: 8 deputados mudam de posição e apoiam parecer que pede cassação de BrazãoEleições: Pablo Marçal quer criar um partido para disputar as próximas eleições no Brasil
Perfis apoiadores do candidato do PRTB rapidamente disseminaram a versão de uma tentativa de homicídio nas redes sociais,e a narrativa ganhou corpo. O portal da produtora Brasil Paralelo publicou na tarde de sexta que o ex-coach havia sido alvo de uma “tentativa de assassinato” por volta das 15h50m. Políticos como o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) e o deputado estadual Capitão Telhada (PP) logo associaram o episódio ao PSOL.
A sequência de ruídos provocou uma mudança brusca na tendência de pesquisas que enfraqueceu a estratégia de Ricardo Nunes de explorar a suposta associação de Marçal com o PCC nos rádios. O candidato do PRTB,que ultrapassou Nunes na última rodada de pesquisas do Datafolha e da Quaest,tem sido questionado por adversários pela proximidade de integrantes de seu partido com a facção.
O presidente da legenda,Leonardo Avalanche,fiador da candidatura de Marçal,foi gravado se vangloriando de sua alegada ligação com a organização criminosa,incluindo uma articulação para libertar André do Rap,um dos líderes do Primeiro Comando da Capital. O teor do áudio foi revelado pela Folha de S. Paulo.
Governo Lula: Secom anula licitação de R$ 200 milhões suspensa pelo TCU por fatos de ‘extrema gravidade’Leia também: Governo Lula dá aval para sindicatos usarem recursos de fundo bilionário e emendas
Outros dois membros da cúpula do PRTB,Tarcísio Escobar e Júlio César Pereira,conhecido como Gordão,foram indiciados pela Polícia Civil por envolvimento com o PCC. Ambos articularam com Avalanche a eleição do grupo no partido em fevereiro.
A principal linha de investigação do inquérito da Polícia Civil indica que os dois,que são sócios,atuavam como “investidores” do tráfico,ao ceder carros de luxo para bancar a aquisição de drogas por meio de um esquema mantido por Francisco Chagas de Sousa,o Coringa.
A repercussão do caso,porém,foi ofuscada pelo o aparente factoide promovido pela campanha de Marçal.
Bastidor: Canal de Marçal no Discord vira fábrica de conteúdos pagos para impulsionar sua campanhaE mais: Candidatos armam 'frente ampla' para barrar Pablo Marçal dos debates na TV em São Paulo
Só na última segunda-feira (2) o interesse pelo “atentado” perdeu tração a ponto de voltar a ser superado pela vinculação entre o ex-coach e o PCC – ainda assim de forma mais tímida do que no pico de buscas sobre o suposto ataque na última sexta-feira.
A ferramenta do Google permite analisar tendências de buscas a nível nacional ou estadual a partir de comparações entre termos de buscas,mas não apresenta números absolutos do volume de pesquisas de cada um deles.
O episódio do suposto atentado,não parece ter desanimado Nunes. O prefeito do MDB redobrou a aposta na estratégia nesta terça-feira ao veicular nos rádios outra gravação sugerindo uma nova pesquisa na plataforma de buscas.
Leia também: Cármen Lúcia destrava ação que pode derrubar candidatura de Pablo Marçal no TSEE mais: Pablo Marçal tem recorde de doações de pessoas físicas entre candidatos nas capitais
Desta vez,o comando leva o usuário à repercussão da reportagem do UOL que revelou no último domingo (1) grampos da Polícia Federal que implicaram o hoje candidato à prefeitura na investigação de um esquema de fraudes bancárias em Goiás,onde nasceu. Marçal foi preso em 2005,mas respondeu em liberdade. O ex-coach foi condenado pelo episódio,mas a pena prescreveu em 2018.
“Gente,vamos conhecer melhor o Pablo Marçal? Digita no Google aí,ó: áudio Marçal Polícia Federal. Quer conhecer melhor o passado do Marçal? Digite no Google: áudio Marçal Polícia Federal. A gente tem que conhecer o passado de todo mundo”,diz a gravação divulgada pela campanha de Nunes.