Caso 'Dieselgate': Nove anos depois, ex-CEO da Volkswagen é julgado por responsabilidade no escândalo
2024-09-03 HaiPress
Ex-CEO da Volkswagen,Martin Winterkorn enfrenta várias acusações,entre elas a de fraude,e pode ser condenado a até 10 anos de prisão — Foto: AFP
RESUMO
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Ex-CEO da Volkswagen enfrenta julgamento por fraude no "Dieselgate"
Martin Winterkorn,ex-CEO da Volkswagen,é julgado por fraude e manipulação de mercado no caso "Dieselgate". Acusado de permitir venda de veículos com dispositivos de manipulação,enfrenta até 10 anos de prisão. Escândalo custou mais de 30 bilhões de dólares ao grupo.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Um tribunal regional da Alemanha julga,a partir desta terça-feira,o ex-CEO da Volkswagen,Martin Winterkorn,por sua responsabilidade no escândalo conhecido como “dieselgate”,que há nove anos mergulhou a fabricante de automóveis em uma grave crise.
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Em 2015,o grupo alemão admitiu ter instalado um software para manipular os níveis de emissões em milhões de veículos no mundo,desencadeando um dos maiores escândalos industriais na história recente do país.
Winterkorn enfrenta várias acusações,entre elas a de fraude pelo uso dos chamados dispositivos de desativação,que faziam com que os carros parecessem menos poluentes nos testes de laboratório do que efetivamente eram na estrada. Em caso de condenação,ele pode receber pena de até 10 anos.
Pouco depois da eclosão do escândalo,o empresário renunciou ao cargo de presidente do grupo Volkswagen (que também inclui marcas como Porsche,Audi,Skoda e Seat),e as tentativas de levá-lo a julgamento fracassaram até agora.
Em 2021,ele deveria ter se sentado no banco dos réus junto a outros executivos da Volkswagen,mas as acusações contra ele foram separadas da causa principal e adiadas devido à sua frágil saúde.
No entanto,um tribunal regional da cidade de Brunswick,perto da sede histórica da Volkswagen em Wolfsburgo,anunciou no início do ano que o julgamento contra ele seria finalmente realizado este mês.
Desde então,reapareceram preocupações sobre a saúde do ex-executivo de 77 anos,que,segundo a imprensa,foi submetido a uma cirurgia em meados de junho,levantando dúvidas sobre se ele conseguirá suportar o longo julgamento previsto até meados de 2025.
Falso testemunho e manipulação de mercados
O engenheiro de formação dirigiu o império Volkswagen de 2007 a 2015. Sob sua liderança,o quadro de funcionários do grupo passou de 330 mil para mais de 600 mil empregados,e as vendas subiram de 6,2 milhões para 10 milhões de veículos no mundo.
No entanto,a Justiça alemã o acusa de permitir a venda desses veículos equipados com dispositivos de manipulação,enganando os compradores sobre suas características.
A suposta fraude afeta 9 milhões de veículos vendidos na Europa e nos Estados Unidos,que sofreram um prejuízo econômico de centenas de milhões de euros.
A prática se estendeu entre 2006 e 2015,mas Winterkorn responderá apenas pelos anos de sua presidência.
O ex-executivo também é acusado de prestar falso testemunho a um comitê parlamentar alemão,em 2017,perante o qual declarou não conhecer a existência desses dispositivos até setembro de 2015. A promotoria considera que ele sabia antes.
Além disso,ele enfrenta a acusação de manipulação de mercados por “não informar deliberadamente o mercado de capitais no momento oportuno” após descobrir a existência desse dispositivo,o que viola a normativa da bolsa alemã.
O eixo central do julgamento será determinar quando o então presidente soube da fraude em massa e como geriu o caso a partir de então.
Entre as testemunhas citadas estão Hans Dieter Pötsch,ex-diretor financeiro do grupo,e Herbert Diess,que chegou em julho de 2015 para dirigir a marca Volkswagen.
Esses dois executivos evitaram um processo penal em 2020 graças a um acordo financeiro de 9 milhões de euros (quase R$ 56 milhões,na cotação atual) com a Justiça.
Winterkorn já alcançou um acordo com a Volkswagen em 2021 pelo qual pagou 11 milhões de euros (R$ 68,2 milhões) à empresa pela controvérsia.
Antes do julgamento,o grupo afirmou que não fazia parte do procedimento,mas que acompanharia o seu desenvolvimento.
Até agora,o executivo de maior escalão condenado pelo escândalo é o ex-diretor da Audi,Rupert Stadler. Em junho de 2023,ele recebeu uma pena de 21 meses de prisão em regime suspenso e uma multa de 1,1 milhão de euros após admitir fraude por negligência.
O escândalo custou ao grupo mais de 30 bilhões de dólares em custos legais e compensação aos compradores,principalmente nos Estados Unidos.